sábado, 5 de março de 2016

VII Memorial Bobby Fischer - Faltam 6 dias!

Kasparov destaca que o último empurrão para Fischer se decidir a jogar o Torneio Interzonal de 1970 foi provavelmente o torneio de verão em Buenos Aires, naquele ano... que “lavou a honra” de dez anos atrás, quando na mesma cidade Fischer sofrera o pior fracasso de toda a sua carreira. Nessa ocasião ele conquistou um dos seus maiores triunfos! Todas as noites os 700 assentos do salão estavam tomados, com espectadores sentados e em pé nos corredores. Bobby foi tratado como rei, com cada capricho sendo atendido.

No final Bobby terminou 3(1/2) pontos à frente do perseguidor mais próximo: 1. Fischer – 15 pontos em 17(+13=4!); 2. Tukmakov – 11(1/2); 3. Panno – 11; 4-6. Gheorghiu, Najdorf e Reshevsky – 10(1/2); 7. Smyslov – 9; 8-9. Quinteros e Mecking – 8(1/2) etc.
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Após o torneio em Buenos Aires, Fischer estava sem dúvida em estado de euforia e o futuro devia parecer muito róseo para ele. Somente isso pode explicar porque em setembro ele tenha ido à Olimpíada de Siegen, embora os alemães friamente recusassem a sua habitual lista de condições de jogo, aceitando somente uma das vinte e cinco exigências: mudar sua mesa um metro mais distante da primeira fila de espectadores.

A atração principal para o norte-americano era sem dúvida a oportunidade de encontrar Spassky no tabuleiro. Fischer ardia de desejo de mostrar ao mundo “quem era quem”, e estava confiante no sucesso. Assim como seus torcedores, que “encomendaram um banquete em honra ao vencedor; no restaurante do nosso hotel, as mesas foram arrumadas, aguardando um mero ‘detalhe’ – a conclusão da partida” (Kortchnoi). 

Mas, como sabemos, uma amarga desilusão aguardava Fischer! Ele não somente perdeu para o Campeão Mundial, mas também concedeu o “metal amarelo” no 1º tabuleiro a ele: Spassky marcou 9(1/2) pontos em 12, e ele 10 em 13... Em vingança, o orgulhoso Fischer declarou em uma entrevista: “Quando eu perdi para Spassky, abandonei como Capablanca: se perdi uma partida, me senti como um rei fazendo caridade a um mendigo.”

Em novembro, após voltar a ameaçar não jogar um Interzonal, cujo motivo, entre outros caprichos, Kasparov credita o efeito que a derrota para Spassky na Olimpíada de Siegen causou no humor do norte-americano, Fischer joga o Interzonal de Palma de Mallorca, graças à concessão da vaga por Benko e em função do triunfo da USFC, em conseguir, no Congresso da FIDE em setembro daquele ano, a permissão para escolher seus próprios representantes no torneio.
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Após um empate com Hübner, [Fischer] produziu uma série de cinco vitórias, incluindo entre suas vítimas Smyslov, Hort e Rechevsky. Suas partidas de Mallorca são um espetáculo surpreendente! Quando o enfrentavam, Grandes Mestres de ponta (para não se falar nos Mestres), se intimidavam, ficavam paralisados e não ofereciam uma resistência digna.

Amanhã traremos mais detalhes do Interzonal de Mallorca, que foi marcante na biografia de Fischer.

(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)

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