segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

VII Memorial Bobby Fischer - Faltam 11 dias!




Ainda sobre o Campeonato dos EUA (63/64), a partida de Byrne contra Fischer chegou na posição do diagrama mostrado nesta postagem. 


Após 15. Dc2, Fischer, de negras, jogou:

15. Cxf2! 16. Rxf2 Cg4+ 17. Rg1 Cxe3 18. Dd2 Cxg2!!

Kasparov: Um golpe brilhante. Byrne estava esperando por 18....Cxd1? 19. Txd1 com jogo indefinido.

19. Rxg2 d4! (fica claro que aqui não há defesa) 20. Cxd4 Bb7+ 21. Rf1 Dd7! 0-1

Em vista de 22.Cdb5 Dh3+ 23. Rg1 Bh6 ou 22. Df2 Dh3+ 23. Rg1 Te1+!! 24. Txe1 Bxd4.

Uma das  melhores partidas de Fischer, a qual foi corretamente incluída no livro The World’s Greatest Chess Games.

“Isso é mais bruxaria do que xadrez!” resumiu a revista sul-africana Chess Quartely. E isso foi o que o próprio Byrne escreveu: “A combinação de arremate foi de tal profundidade, que até no instante em que abandonei, ambos os Grandes Mestres que estavam comentando a partida para os espectadores em uma sala separada acreditavam que eu tinha posição ganhadora!”

Sobre o sucesso de Fischer nesse torneio americano, a obra aponta o seguinte comentário de Petrosian: “Sem medo de estar exagerando, estou preparado para comparar a quantidade de tempo gasto por ele no tabuleiro entre competições, com todas as horas dedicadas ao trabalho no xadrez dedicadas por todos os membros da equipe olímpica soviética juntos.”

Realça Kasparov: (...) em resposta a uma pergunta do Príncipe de Mônaco, sobre como ele aprendeu a jogar tão bem, Fischer respondeu: “Eu provavelmente li mil livros de xadrez e extraí o melhor deles.”

Eis a arma secreta do gênio norte-americano! Quem dos Grandes Mestres dos dias de hoje pode se gabar de interesse tão ávido pela herança das estrelas do passado? Não é por acaso que se diz que o novo é tão somente o velho que já havia sido esquecido. Só podemos especular quantas ideias originais de aberturas, quantos esquemas paradoxos e planos estratégicos interessantes Bobby retirou desses livros.


Na sequência, a obra relata, ao nosso ver, algo notável sobre Bobby Fischer, contradizendo até certo ponto a ideia de que ele, além de sua contribuição indireta para o engrandecimento do jogo, decorrente de seu próprio sucesso pessoal,  pouco teria feito pelo xadrez:

Mas Fischer não se dedicou somente ao seu auto-aperfeiçoamento. Por dois anos ele recusou convites para torneios internacionais, mas viajou muitas vezes por cidades norte-americanas, dando palestras e exibições simultâneas. E isso menos pela receita – conferências de xadrez e simultâneas não eram um negócio muito lucrativo naquela época. Bobby também não precisava se promover – como por dizer, seus espirros eram notícia. Eu acho que com sua “atividade missionária”, ele queria promover o desenvolvimento do xadrez no país. Assim ninguém mais poderia escrever, como fez a revista Time: “A popularidade desse antigo jogo nos EUA é comparável somente a um esporte como corrida de sacos.”

(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)

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