sexta-feira, 15 de abril de 2016

Histórias que emocionam

Por Fernando Melo

Se um dia eu fosse levado para uma ilha deserta e obrigado a viver só, sem nenhum Sexta Feira para me fazer companhia, mas me dessem o direito a duas escolhas, eu pediria o livro Don Quixote e um Jogo de Xadrez. Depois de algum tempo eu descobri que o caminho mais rápido para se encontrar a felicidade é praticar o  xadrez, ou seja, jogar, estudar e ler suas historias. A próposito, vou contar duas e tenho certeza que o leitor vai gostar.
A primeira fala de um famoso rabino medieval, que também era um astuto jogador de xadrez, cujo filho fora raptado quando menino e jamais encontrado. "Passadas muitas décadas, o rabino obteve uma audiência com o papa. Os dois conversaram por algum tempo, e então resolveram jogar uma partida de xadrez. Durante o jogo, o papa executou uma sequência de jogadas muito incomum, diante da qual qualquer outro adversário se teria impressionado e arrasado. Porém, aquela estranha combinação não era nenhuma novidade para o rabino: ele próprio a inventara, de fato, comunicando-a exclusivamente ao jovem filho. No mesmo tempo ambos se deram conta de que o papa era o filho do rabino, há tanto tempo perdido."  
Vejamos a segunda historia. "Conta-se que, na antiga Índia, uma rainha havia designado como herdeiro o seu único filho. Quando este foi assasinado, o conselho procurou a melhor maneira de transmitir-lhe a trágica notícia. O dilema foi exposto a um filósofo. Por três dias ele permaneceu  em silêncio, pensando e, finalmente, disse: "Chamem um carpinteiro e que ele traga madeira de duas cores, branca e preta. O carpinteiro chegou. O filósofo o instruiu a entalhar na madeira 32 pequenas figuras. Feito isso,. disse-lhe:"Traga-me um couro curtido", e o orientou a cortá-lo em formato quadrado, gravando sobre ele 64 quadrados menores. Em seguida, arrumou as peças sobre o tabuleiro e as estudou, concentrado. Por fim. voltou-se para o discípulo e declarou: "Isso é guerra sem derramamento de sangue. Explicou-lhe as regras, e ambos começaram a jogar A notícia sobre a misteriosa invenção espalhou-se rapidamente. A própria rainha convocou o filósofo para lhe fazer uma demonstração. Ela sentou-se, imóvel, e ficou observando o filósofo e seu aluno jogarem. Ao terminar a partida, um lado tendo colocado o outro em xeque-mate, a rainha comprendeu a mensagem que queriam transmitir-lhe. Voltou-se para o filósofo e disse: "Meu filho está morto". "Vós o disseste", respondeu ele. A rainha voltou-se para o porteiro e disse: "Deixe que o povo entre para me consolar". 
Claro, que a historia que acabamos de ler, trata-se de uma lenda, mas que nos leva a sentir o quanto o xadrez é possível de provocar emoções dessa ordem. Existem historias reais, cujos personagens eu conheço e que um dia contarei aqui. Até a próxima!

Um comentário:

  1. E lá vai Fernando Melo rumo a ilha deserta, não sei como vai chegar lá, porque não
    gosta nem de avião nem de navio, mas, vai assim mesmo, todo feliz, com o seu jogo de
    xadrez e o livro Don Quixote. Chegando lá, para sua surpresa, quando vai ler o seu
    livro preferido, eis que surge diante dele, como que saindo de dentro do livro, muito
    elegante e no seu Rocinante, Don Quixote, que logo o convida para jogar uma partida de
    xadrez. E assim, Fernando vive feliz na ilha, até hoje, jogando xadrez com Don Quixote.
    Obs: Essa é uma historinha de ficção que criei para o Mestre Fernando, ao ler o texto
    acima e por saber o quanto ele é dedicado ao xadrez e se enche de felicidade quando o
    assunto é a arte de Caíssa.

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